UM DESENHO POR SEMANA

terça-feira, 12 de março de 2013

Feliciano, cadê o Renan?


Pra começar, vamos deixar claro algumas coisas:
1. Não tenho qualquer apreço por Marcos Feliciano.
2. Como Cristão, condeno suas práticas como pseudo ministro do evangelho. Em minha opinião ele nunca conheceu a Deus, pois não creio  que alguém que  tenha conhecido aja como o deputado faz nas reuniões de sua igreja (já havia visto diversos outros videos que me provocaram asco antes desses divulgados pela folha).
3. O que ele falou sobre africanos é simplesmente absurdo, aumentado pelo uso béocio da Bíblia.
4. Ele realmente não deveria ocupar nenhum dos postos que ostenta hoje, seja na igreja, seja na câmara. 5. O deus dele deve ser Calheiros ou o Sarney

Isto posto, comecemos o assunto.
Há alguns dias comecei a avaliar as manifestações contra a nomeação deste senhor como presidente da comissão de Direitos Humanos da Câmara.  Até me manifestei contrariamente também  nas redes sociais e não me arrependo disso. Com o passar do tempo comecei a ver uma mudança de padrão nas manifestações. Começaram a aparecer provas de todos os lados da incongruência do deputado Feliciano com o cargo pleiteado. Comecei a perceber que o discurso anti-Feliciano se acirrava cada vez mais. O dito deputado sem falar mais nada parecia fazer com que um “saboroso” ódio fosse destilado pelos seus algozes (sim, ele falou outras besteiras depois).

O que me chamou a atenção nisso tudo é que, sinceramente, não percebi esse doce fel quando da posse de Renan Calheiros. Tá, mas, e o avaaz, e os milhares de posts nas redes sociais? Não tiveram a mesma vociferação de ofensas, o mesmo salivar pela a execração do objeto de ódio como no caso da Comissão de direitos humanos. A indignação aparentemente acabou e cedeu lugar ao "Caso Feliciano". Vida que segue, Renan não vai sair mesmo, então vamos para o próximo.

No entanto, o discurso contra Feliciano é mais apaixonado, mais devotado, com bandeiras levantadas. Contra Renan existia apenas o “que absurdo, esse país, né? vou participar desse abaixo assinado”. Contra o deputado do PSC está mais para “vamos prender esse pastor racista homofóbico e se possível expô-lo em praça pública”. Mais uma vez reitero, Marcus Feliciano, em minha opinião não merece estar lá (como explicitado no item 4).

A partir disso, aproveita-se para colocar em pauta questões como direitos civis para minorias, liberdade religiosa e o famigerado preconceito. Nada mais natural, afinal é exatamente quando um grande caso acontece que a sociedade se movimenta, discute e regulamenta seu modus vivendi.  Grande caso? Feliciano é um grande caso? Renan Calheiros como presidente do senado é um grande caso? E o Sarney? O que é um grande caso? Pode haver julgamento do tamanho dos malefícios, dos discursos, influência e práticas de um ou de outro? Contra Renan e Sarney não há nenhum deputado ou senador gritando. Qual a razão?

Talvez toda essa manifestação popular seja catalizada por um desejo de dar um basta nas indignações inócuas desse passado recente (como dito aqui no texto de Kie Magalhães). Talvez essa indignação de hoje esteja querendo criar asas e sair do conforto do abaixo-assinado. Mas talvez vociferar, mirar em novos culpados além dos velhos dinossauros que não conseguimos extinguir, seja um sentimento inconsciente de lutar contra alguém menor, mas também perigoso, que nós podemos vencer. Essa luta contra ele parece ser como se a sociedade dissesse “Perdemos de Calheiros, vamos pra uma fase mais fácil - quem sabe depois a gente volta” e acrescento, com mais barulho.

Feliciano é isso, um juvenil, que já dava golpes no setor religioso, acendendo no meio dos mestres da imunda tradição política brasileira. E para piorar deu de entrar no centro da discussão mais acalorada do momento exatamente para ter odiadores, crescer e representar outros fascínoras. Enquanto continuam os gritos nas redes, o Brasil esquece que se não extinguirmos os grandes, sempre aparecerão novos, alimentados pela história de impunidade jurídica e eleitoral de seus ídolos e um sistema amparado pelas nossas reclamações de megafone de baixo de ar condicionado.      
 

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